-
Arquitetos: Localworks
- Área: 1500 m²
- Ano: 2015
-
Fotografias:Will Boase
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Cotton On Foundation é uma organização não governamental natural da Austrália que, ao lado de outros programas no mundo, está criando um total de 20000 novos espaços de ensino para escolas primárias e secundárias no sul de Uganda até 2020. Para atingir a meta, há uma série de programas concomitantes, sendo um deles a COF Outreach Village School, um programa que consiste na construção de escolas primárias em vilas remotas nos distritos de Rakai e Lwengo. Cada escola foi pensada para receber 500 estudantes e 10 professores, os quais residem na escola. Sempre que possível, edifícios já existentes estão sendo adaptados e novas construções são feitas à medida do necessário. Três dessas escolas já foram finalizadas, cinco estão sendo construídas e mais de vinte estão sendo estudadas para os próximos três anos.
Em 2013 o Studio FH Architects foi abordado pela Cotton On Foundation (COF) para desenvolver uma série de edifícios escolares típicos que pudessem ser inseridos em vários tipos de terrenos e responder a uma variedade de condições ambientais. Além disso, COF tinha acabado de começar a trabalhar com o arquiteto australiano Ross Langdon, que, em setembro de 2013, faleceu durante os ataques de Nairobi Westgate. Ross, um amigo e colaborador do Studio FH deixou desenhos e ideias de salas de aula típicas que se tornaram a base dos projetos a serem desenvolvidos.
A exigência de edifícios que sejam adaptáveis a diferentes ambientes pedia projetos que fossem independentes de condições de conforto vindos da orientação solar. Enquanto projetos pensados para os trópicos normalmente são edifícios alongados no eixo leste oeste, era evidente que alguns terrenos colocariam situações onde a implantação no eixo norte sul seria inevitável. Dessa forma, essas condições levaram à criação de um módulo de sala de aula com passagens cobertas em todos os quatro lados.
Na ausência de um espaço formal para refeições por causa do baixo orçamento, um dos blocos de salas de aula é adaptado para ter um uso mais dinâmico, a partir de um espaço de estar localizado entre duas salas de aula. Essas duas salas têm portas que se abrem totalmente, pivotantes ou de correr, permitindo a ampliação deste espaço e a conformação de um grande salão que pode inclusive atender à comunidade. Quando fechadas, essas portas atuam como lousas e apoios informais para as atividades de ensino externas.
Na escolha dos materiais, um critério importante foi o fato das escolas serem de responsabilidade do Governo da Uganda, e portanto sua operação será pautada no governo dos distritos. Tendo em vista a situação financeira precária de muitos dos distritos, as escolas teriam de ser construídas em materiais sólidos, duradouros e de baixa manutenção. Piso de cimento, tijolos de argila e paredes sem vidro foram selecionados como materiais duradouros. Especialmente os tijolos de argila fabricados pela Butende Brickworks, perto de Masaka. Este material é importante para criar edifícios que não envelhecem visualmente, apesar dos ambientes terrosos nos quais são implantados.
A simplicidade dos conceitos trazidos pelo desenho passivo foram a base do projeto das salas de aula: coberturas com materiais reflexivos, sombreamento nas janelas, ventilação cruzada causada pela variação da altura das coberturas. Este último é uma característica presente em tipologias bastante comuns do sul e oeste de Uganda, principalmente em edificações industriais e históricas como as antigas fábricas de café e moinhos. A iluminação natural é otimizada por rasgos na cobertura em áreas específicas. Essas características se somam e cooperam para um ambiente propício para o aprendizado, mesmo em ocasiões de tempestades, quando persianas de madeira ou aço se fecham para proteger contra a chuva.
Outras tecnologias utilizadas no projeto são um sistema central de coleta de água pluvial, banheiros com digestor de biogás e fogões de cozinha que funcionam com combustível híbrido.